Mike Maignan é guarda-redes do AC Milan e, no domingo, ouviu insultos racistas vindos das bancadas do estádio da Juventus. O francês reagiu através de uma mensagem nas redes sociais, onde se recusou a, simplesmente, dizer que “o racismo é mau e os adeptos são estúpidos”. Isso não chega, portanto, criticou “as pessoas que tomam decisões” no futebol, questionando-as: “Sabem o que se sente quando ouvimos insultos que nos descrevem como animais?”
Turim foi lugar de mais um episódio dos que não deveria existir no futebol, na sociedade, na vida ou em todo o lado. Era um dos maiores clássicos da Serie A italiana, jogava-se o Juventus-AC Milan e, na baliza dos visitantes e já a arcar com o peso de ser o guarda-redes que sucedeu a Gianluigi Donnarumma, estava Mike Maignan.
Ele tem 26 anos, é francês, internacional pelo seu país e foi contratado este verão ao Lille. Tem, também, a cor de pele negra, facto que vários adeptos colocaram no alvo do seu preconceito para, durante o jogo, gritarem insultos racistas a Mike Maignan.
Dois dias volvidos e o guarda-redes respondeu, via Twitter, começando por escrever: “O que querem que diga? Que o racismo é mau e os adeptos da Juventus são estúpidos? Não é isso. Não sou o primeiro, nem serei o último a que vai experienciar isso. A questão não é essa”. Mike Maignan foi mais longe na sua reação.
O francês criticou a postura de se encarar estes casos como “acidentes isolados”, defendendo que tal contribuiu para que “a História se repita outra, e outra vez, e outra vez”. Mike Maignan questionou se “acreditamos mesmo que é eficaz o que estamos a fazer para lutar contra o racismo nos estádios”, fazendo um apelo — “temos de ser mais, e mais unidos, na batalha contra um assunto social que é maior que o futebol”.
O guarda-redes perguntou, também, se “as pessoas que tomam decisões” no futebol “sabem o que se sente quando se ouve insultos que nos descrevem como animais”, e se sabem “o que fazem à nossa família, aos nossos familiares que simplesmente não entendem como é que estas coisas continuam a acontecer em 2021”.
No final, Mike Maignan garante que “enquanto formos capazes de erguer a nossa voz e fazer a diferença, é isso que farão”. E termina desta forma: “Não sou uma vítima. Sou o Mike e estou a erguer-me, negro e orgulhoso”.